quarta-feira, 15 de dezembro de 2010

Solilóquio II



Não há bem que se perdure do mal que não se acabe, mas e os sonhos, onde entram ?
 A saudade está ligada á inúmeros sentimentos, onde cada minuto passado se torna parte de uma tortura que ela não é capaz de evitar, ou mesmo impedir. Ah, impedir..Esta palavra define o que precisava para descrever tudo que envolve movimento contrário aos atos e ações.
Ligada á muitos outros sentimentos, a saudade se liga também aos sonhos, como forma genérica de amenizar a dor, é quando a mente entra em cena e cria fatos, lugares nunca vistos, porém existentes e muito eficazes. E acima de tudo, leva á discussão de “negócios” que valerão muito mais que o orgulho.
Chorar, algo que ao extremo dos pensamentos, influenciados por lembranças, levam-na á aquelas lágrimas que nada valem, não valeram antes e nem valerão nunca, porque de que adianta se o coração grita por socorro, e não há ninguém para salvá-lo?
Do que ela precisava, era ser alguém para quem o justo equilíbrio da vida está na variedade de lágrimas e risos, repreensões e soluços, na perfeição universal, que é justamente o fato de alguém chorar e outro alguém sorrir – a verdadeira lei do mundo. Mas errando assim, não possuindo tal equilíbrio, o vital, ela se torna menos humana ?
Humano seria, quem sabe, aquele cujas experiências e lições ficam impressas, fixas, na mente consciente, onde volta e meia se lembre daquilo, diferente das pancadas, ele as esquece, as joga fora. E se torna justo até misturar o antigo com o novo, como se fossem um só, naquelas clássicas meditações antes de dormir, naqueles lindos pensamentos á respeito do amor, esperanças e preocupações, e os sonhos voltam a se fazer presentes, é neles que muitas vezes ela confia, eles influenciam a vida dela de tal maneira quem nem a mesma pode imaginar, e isso se faz apenas ao fechar de olhos, antes do merecido descanso. E quando a noite é gasta, sem dormir, sem sonhar, a mente vaga, por todos os cantos e permanece atenta, porém confusa, mas em verdade vos digo que pensava em outra coisa, cortejava o passado com o presente, desenhava no futuro seus desejos mais profundos, tão quanto inalcansáveis e ilusórios, matavam-na de medo, e sem poder ao menos dizer nada, tinha seus planos feridos, a realidade lhe alcançava antes que terminasse de sonhar.   

E ao ver dele, ela é lânguida, calculista, dolente e fatal, como convém á heroína que veio para salvá-lo, aquela a quem se deseja, veio para envolvê-lo em pecado, e no fim ela, por sua vez, acaba vendo que é aquela mesma náufraga de sua existência desde antes de conhecê-lo e que ali aparece e se parece mendiga, herdeira inopinada, e inventora de sua própria história, de sua filosofia e vida.

Ela sentia que não era inteiramente feliz; mas sentia também que não estava tão longe da felicidade completa. Bastava apenas olhar para os lados e perceber, que não é de migalhas de amor que ela precisa, e sim de ser amada por completo, e ela possuía essa possibilidade, não tão perto de si, mas ela estava disposta a lutar por isso, e afinal, quem se importa de ser a pecadora ? Ela amava.. E ela foi feliz, ela fez o que quis, ela amou plenamente naquelas noites e não se importa de admitir que foi o demônio de alguém que amou, ou se apaixonou, não se sabe ao certo.. Tanto faz, mas a pergunta que fica é: o que é o amor ? o que é amar alguém? Bom, só consegui pensar que amor, é quando você torna os defeitos daquela pessoa, perfeitos, e quando as pessoas falam você não se importa, mas não falo sobre ficar cega, e sim, olhar mais fundo, sem chegar á nenhuma conclusão. Amor é compartilhar, amor é a renúncia, é o sentimento mais puro que existe, e não pode ser citado por uma simples pessoa, que neste final chega á conclusão de que não o amou, de que se apaixonou por ele, porque o desejo era muito mais forte, e as sensações despertadas a partir daqueles momentos, levaram-na a crer que esta experiência nunca deixará sua mente consciente, e de que sempre se lembrará daquele tempo, como a melhor fase de sua vida.

Entretanto, ela, mesmo confusa, amava alguém, amava verdadeiramente, como se fosse a última coisa que ela pudesse fazer em vida, e esse amor é totalmente vulnerável, é muito indefeso contra todos aqueles empecilhos possíveis e firmemente existentes que cercam sua vida, que destroem seus planos, e que fazem com que ela sofra, mais e mais.  E quando achou aquele par de olhos viçosos, que pareciam repetir constantemente a exortação do profeta: "Todos vós que tendes sede, vinde ás águas", percebeu  que a  sede é insustentável, pulmões doem, o ar é rarefeito, e permanecer aqui sem vê-lo, para ela é doloroso de mais, ela sofre com tamanha intensidade, que não é capaz nem de descrever e seus sonhos se tornam cada vez mais densos, mais reais, mais fiéis aquilo que ela deseja. E ela crê, que o que for melhor, irá acontecer, não importa o quanto sofra, ela não desistirá enquanto não o possuir, e mesmo cansada de tentar, ela não irá desanimar porque dentro dela bate um coração deveras forte, e que está louco de ansiedade, pulsando fortemente, por aquele par de olhos azuis que a conquistaram e que agora são indispensáveis para ela poder continuar.

segunda-feira, 6 de dezembro de 2010

O Tempo está parado, ou pelo menos assim esperava que fosse.


Viro minhas costas para o vento para tentar recuperar meu fôlego antes de eu começar novamente a guiar meu destino, sem nenhum momento a perder.

Minha armadura está fina demais.Eu gostaria de parar para reforçá-la pois não importa o quanto eu finja, sempre estarei frágil, quando disposta á sentimentos.
Como uma peregrina que aprende a transcender, aprende a viver como se cada passo fosse o último, como se cada suspiro fosse precioso de mais para deixá-lo esvair-se.

O tempo está parado e não estou olhando para trás, mas quero olhar ao meu redor agora para ver mais das pessoas e dos lugares que me rodeiam.

Eu realmente gostaria de congelar alguns momentos por um pouquinho mais de tempo. Fazer cada sensação um pouquinho mais intensa antes que a experiência se perca, e eu leve de tudo, apenas a lembrança do que vivi.

Viro meu rosto para o sol e fecho meus olhos, abaixo a guarda e deixo cicatrizar aos poucos todos estes ferimentos que não posso curar de imediato.

Deixo meu passado passar rápido demais, sem tempo para parar e se eu pudesse desacelerar tudo como alguma capitã cujo navio encalha para que eu possa esperar até que a maré retorne, eu o faria, sem sombra de dúvidas.

Gostaria de fazer cada cada impressão um pouquinho mais intensa,  queria congelar este movimento e estes abraços quentes no meio da noite, um pouquinho mais.

A inocência se perde aqui, e deixamos nossos princípios de lado, para viver tudo que se pode viver, ou ao menos o que nos permitimos, porque em todos os aqueles dias o tempo parou, e eu percebi o tesouro que tinha nas mãos, e que estará sempre guardado, no lugar mais profundo e especial que possuo.

O verão está passando rápido e as noites ficando mais frias, as crianças crescendo,velhos amigos ficando mais velhos, novos amores se perdendo, nova vida tomando rumo.

Só queria fazer com que estes momentos congelassem mais um pouco...